Sunday, June 24, 2007

tênis molhado.

pintou as unhas roídas com o capricho e com o cuidado que lhe faltou ao lidar com ele naquela tarde chuvosa.
depois de meses de cuidado [e de descuido com as unhas] resolveu que a morte de seu coração pelo tédio da preocupação já havia atingido seu limite máximo; e que no momento, as borboletas no estômago lhe faziam uma falta... significativa.
então pintou as unhas. lavou os cabelos. maquiou-se. colocou a calça certa e o tênis novo.
e ao colocar os pés para fora de casa, o céu cinzento desabou sob sua cabeça. como em um sinal de mau agouro.
como sempre, interpretava os sinais mais óbvios da pior maneira possível. pensou no desafio de sair naquela chuva, na hora do rush em São Paulo como uma prova de sua força de vontade.
seu pensamento habitual era o de que nada lhe valia qualquer tipo de 'sacrifício' [ou na verdade nem o mínimo esforço], mas dessa vez decidiu ir em frente ao invés de voltar atrás.
os tênis ficaram molhados, mas não estragaram. no caminho rezou em segredo para que também não se desse nenhum outro tipo de estrago. porque mais um, seria irreparável.